segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A bela e a fera



Como escrevi aqui, num “mea culpa” alguns textos atrás, ouvi pouco rock em 2008. Ou melhor, ouvi pouco rock novo no ano que passou. Nos últimos dias tenho tentado tirar o atraso garimpando na internet alguns dos discos citados nas famosas listas de melhores do ano. E achei um trabalho brilhante como não ouvia há tempos.
Trata-se de “Sunday at Devil Dirt”, segunda colaboração entre Isobel Campbell, ex-integrante do grupo escocês Belle & Sebastian, e Mark Lanegan, ex-Screaming Trees e Queens Of The Stone Age.
A parceria da bela Isobel com o esquisitão Lanegan começou em 2006 com o álbum "Ballad of the Broken Seas". O disco ganhou até prêmios, mas acabou dividindo a crítica. O destaque foi uma versão de "Ramblin' Man", velho sucesso do mito country Hank Willians.
Confesso que não ouvi “Ballad of the Broken Seas”, mas a crítica especializada tem dito que o novo CD é mais sofisticado, melhor arranjado e com uma atmosfera mais folk. O que eu sei é que “Sunday at Devil Dirt” é um trabalho cheio de climas entre o sombrio e o delicado que surgem do encontro de duas figuras com trajetórias musicais tão díspares.
As canções são, antes de mais nada, simples. Os arranjos valorizam as belas melodias e o contraste entre a voz delicada de Isobel e o tom gravíssimo de Lanegan que, aliás, é predominante. Os vocais etéreos de Isobel, como que enfeitam as canções, ficando num elegante segundo plano.
Talvez o disco tenha me chamado tanta a atenção pela sequência de faixas matadora que abre o disco. “Seafaring Song” é uma canção que celebra a volta aos braços da pessoa amada com ecos de Leonard Cohen e Tom Waits. “The Raven”, também tem o mesmo clima, mas com o tom soturno elevado ao cubo, por cortesia dos vocais de Lanegan.
A terceira, com acentos de blues rural é “Salvation”, talvez o melhor refrão do CD. O primeiro dueto vocal pra valer está em “Who Built the Road”, com arranjos de cordas e um sino que constroem a atmosfera agridoce com direito até a um “la-la-la” no refrão.
Outro momento especial do disco é “Trouble”, conduzida por violões folk, a canção é provavelmente a melhor síntese para “Sunday at Devil Dirt”. Lanegan suaviza sua voz cavernosa para duetar com Isobel numa canção de amor direta e singela.
O CD termina com o cinismo de “Sally Don´t You Cry”, com sua letra que convida a personagem a se conformar com os problemas causados pelo parceiro. “Oh Sally don't you cry/ A man's a man/ Does the best he can/ I see you are mad/ But he's the best you've had/ Sally it ain't so bad”.
Este CD não está nas listas de melhores discos de rock de 2008 à toa. Talvez não seja a oitava maravilha da música pop, mas há beleza, inteligência, delicadeza e uma coesão nas composições e nos arranjos que dá força ao trabalho. Não se parece em nada com Belle & Sebastian, nem tampouco com Primal Scream e Queens of the Stone Age. São apenas canções melancólicas e despojadas, feitas com grande cuidado. Vale ouvir.

6 comentários:

Anônimo disse...

Lembro de ter lido críticas sobre este disco e ter ficado muito curioso para ouvi-lo. Um dia eu escuto estas coisas.
Por enquanto o lance é passar naquela bendita prova.

Abracao
Pedro

Anônimo disse...

Boa sorte irmão. Olha só..li as coisas e agradeço muito o carinho e a atenção. Algumas coisas eu vou adotar, outras não. Mas o que vale é poder ter essa troca de idéias contigo.
Saravá!

Anônimo disse...

Eu ouvi e gostei muito. Simplicidade e estilo. Vale a pena conhecer.

Anônimo disse...

Ela tem a maior cara de atriz pornô, ainda mais nesta pose. Reparou como o cara tá avaliando o traseiro dela ?

Anônimo disse...

Fala, Sérgio! Obrigado por adicionar o B Movie Blues na tua lista de links. Gostei muito do Pobre Meu blog e já o linkei também.

Fiquei curioso com esse CD. Adorei o título, tenho ouvido pouca coisa nova recentemente. Talvez seja a hora de dar uma atualizada.

Um abraço!

Anônimo disse...

Salve Cesar,
Bom te ver aqui. Seja bem vindo.
Abraço