terça-feira, 21 de abril de 2009

Alzira E nós



Nesta segunda feira a cantora Alzira Espíndola, agora Alzira E, esteve em Botuca participando de um evento chamado “Criando a Canção”. A tarde fiz uma longa entrevista com ela para meu programa de rádio. A noite rolou a apresentação que foi muito legal, com direito a “Meu Primeiro Amor”, “Milágrimas”, “Ouvindo Lou Reed” e “Sei dos Caminhos” além de uma versão bluesy de “Meu Mundo Caiu”. Depois do show ela e alguns amigos queridos esticaram aqui pra casa pra tomar umas cachacinhas e jogar conversa fora. Na pauta, filhos, Amy Winehouse, pingas, Bjork, Itamar Assumpção, Ney Matogrosso, Radiohead e Caetano Veloso. Aline registrou a noite legal.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

In Utero

A maçã do amor
Guarda no seu útero
As sementes do homem
E o doce da vida
Que faz doer nossos dentes
E brotarem vermes da nossa carne.

No útero da maçã do amor
Descansa o mapa da queda.


Para Lourenço Mutarelli, Roberto Piva e Zé do Caixão

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Fim da quaresma



Carnaval, desengano. Fiquei com a dor em casa, esperando. Cidade fantasma. Babel e Jericó. É necessário cultivar algum jardim, ainda que localizado à sombra das muralhas de Jericó. Na sombra, a grama não cresce as flores não crescem. As plantas morrem. E à sombra da muralha a umidade é mais densa, mais intensa.
A eletricidade começa onde parou o alfabeto. As pequenas plantas brotam dos vãos do asfalto, da sarjeta, da calçada. Faz frio. Faz calor. Lembro-me de uma manhã ensolarada em que fui ao Museu de História Natural. Caminhamos pelo Central Park e agora fico com saudades do cenário nova-iorquino.
Dez filmes com NY: “Midnight Cowboy”; “After Hours”. Ah… tem vários do Woody Allen e tem “Taxi Driver”. Tem “Kids”. A Real Cool Time Tonight é uma coisa impossível. Babel e Jericó. Arquitetura que não há.
Caminhamos numa noite gostosa de outono pela Broadway e tudo era tão mágico. Como deve ser no cinema. Mágico em Nova Iorque. E o senhor desceu a ver a cidade e a torre. Uma outra ruiu pelo som das trombetas e o clamor das línguas humanas que disparam fogo e força quando querem.
Depois me vejo em São Paulo no meu quarto solitário e aconchegante. Eu viveria ali para sempre. Fazia frio pra caralho e era ótimo. Na TV, pela janela do décimo quarto andar, uma SP de verdade. Prédios e nevoeiro. No crepúsculo, buzinas e helicópteros.
Alguma coisa em mim se perdeu. Algo poderia ter sido e se quebrou. Mesmo com tantas coisas boas, não sou e não fui capaz de recuperar o tempo perdido. Algo está preso no meu peito. E chora e dói. Nem o sonho de nova vida que brinca na minha frente aplaca isso.
Uma palavra nova é solavanco. Vamos exorcizar o samba e o rock. O colapso de Babel e a queda de Jericó, destruída a clamor de gente e corno de carneiro. Que agravo aos arquitetos.
Viva o mal-estar eterno, no sentido que eu espero. Aceleração tecnológica.
Proteja-me do colapso de Babel
E do clamor humano e do corno de carneiro
Que fez ruir as muralhas de Jericó
Quando o concreto desabar

08 de abril ao som de Neil Young & Crazy Horse

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Ao Inferno, Com Amor

Uma letrinha de música tosca que encontrei no meio de velharias no computador. Talvez dê um blues fuleiro.

Apaga, sufoca, dizima minha esperança
Esta chuva de inverno, pesada.
E todas as canções que escrevi
Sei que não vão servir para nada
Pois teus olhos cor de chuva
Não serão minha morada
Vou me perder no centro
Do absoluto fundo de nada
Onde vou esquecer teu nome
E teu frescor de madrugada

Ao inferno, com amor!
Meus olhos procuram por ti
É inverno, por favor,
E a chuva continua a cair.