
Como escrevi aqui, num “mea culpa” alguns textos atrás, ouvi pouco rock em 2008. Ou melhor, ouvi pouco rock novo no ano que passou. Nos últimos dias tenho tentado tirar o atraso garimpando na internet alguns dos discos citados nas famosas listas de melhores do ano. E achei um trabalho brilhante como não ouvia há tempos.
Trata-se de “Sunday at Devil Dirt”, segunda colaboração entre Isobel Campbell, ex-integrante do grupo escocês Belle & Sebastian, e Mark Lanegan, ex-Screaming Trees e Queens Of The Stone Age.
A parceria da bela Isobel com o esquisitão Lanegan começou em 2006 com o álbum "Ballad of the Broken Seas". O disco ganhou até prêmios, mas acabou dividindo a crítica. O destaque foi uma versão de "Ramblin' Man", velho sucesso do mito country Hank Willians.
Confesso que não ouvi “Ballad of the Broken Seas”, mas a crítica especializada tem dito que o novo CD é mais sofisticado, melhor arranjado e com uma atmosfera mais folk. O que eu sei é que “Sunday at Devil Dirt” é um trabalho cheio de climas entre o sombrio e o delicado que surgem do encontro de duas figuras com trajetórias musicais tão díspares.
As canções são, antes de mais nada, simples. Os arranjos valorizam as belas melodias e o contraste entre a voz delicada de Isobel e o tom gravíssimo de Lanegan que, aliás, é predominante. Os vocais etéreos de Isobel, como que enfeitam as canções, ficando num elegante segundo plano.
Talvez o disco tenha me chamado tanta a atenção pela sequência de faixas matadora que abre o disco. “Seafaring Song” é uma canção que celebra a volta aos braços da pessoa amada com ecos de Leonard Cohen e Tom Waits. “The Raven”, também tem o mesmo clima, mas com o tom soturno elevado ao cubo, por cortesia dos vocais de Lanegan.
A terceira, com acentos de blues rural é “Salvation”, talvez o melhor refrão do CD. O primeiro dueto vocal pra valer está em “Who Built the Road”, com arranjos de cordas e um sino que constroem a atmosfera agridoce com direito até a um “la-la-la” no refrão.
Outro momento especial do disco é “Trouble”, conduzida por violões folk, a canção é provavelmente a melhor síntese para “Sunday at Devil Dirt”. Lanegan suaviza sua voz cavernosa para duetar com Isobel numa canção de amor direta e singela.
O CD termina com o cinismo de “Sally Don´t You Cry”, com sua letra que convida a personagem a se conformar com os problemas causados pelo parceiro. “Oh Sally don't you cry/ A man's a man/ Does the best he can/ I see you are mad/ But he's the best you've had/ Sally it ain't so bad”.
Este CD não está nas listas de melhores discos de rock de 2008 à toa. Talvez não seja a oitava maravilha da música pop, mas há beleza, inteligência, delicadeza e uma coesão nas composições e nos arranjos que dá força ao trabalho. Não se parece em nada com Belle & Sebastian, nem tampouco com Primal Scream e Queens of the Stone Age. São apenas canções melancólicas e despojadas, feitas com grande cuidado. Vale ouvir.
6 comentários:
Lembro de ter lido críticas sobre este disco e ter ficado muito curioso para ouvi-lo. Um dia eu escuto estas coisas.
Por enquanto o lance é passar naquela bendita prova.
Abracao
Pedro
Boa sorte irmão. Olha só..li as coisas e agradeço muito o carinho e a atenção. Algumas coisas eu vou adotar, outras não. Mas o que vale é poder ter essa troca de idéias contigo.
Saravá!
Eu ouvi e gostei muito. Simplicidade e estilo. Vale a pena conhecer.
Ela tem a maior cara de atriz pornô, ainda mais nesta pose. Reparou como o cara tá avaliando o traseiro dela ?
Fala, Sérgio! Obrigado por adicionar o B Movie Blues na tua lista de links. Gostei muito do Pobre Meu blog e já o linkei também.
Fiquei curioso com esse CD. Adorei o título, tenho ouvido pouca coisa nova recentemente. Talvez seja a hora de dar uma atualizada.
Um abraço!
Salve Cesar,
Bom te ver aqui. Seja bem vindo.
Abraço
Postar um comentário