domingo, 22 de março de 2009

Os Apavoramentos de Roberto Piva – do livro “Coxas”.

APAVORAMENTO N⁰ 1
dezoito garotos & dezoito garotas foram emparedados vivos
em caixas construídas com chicletes que só a Adams fabrica &
tostados dentro de um porão de arsênico & cascavéis

APAVORAMENTO N⁰2
quinze adolescentes de todos os sexos foram chicoteados na
bunda por batalhões da TFP que os insultavam enquanto
trezentos rapazes & moças de seita imperialista Igreja Católica
cortavam rodelas de cebolas & colavam em seus olhos

terça-feira, 3 de março de 2009

Saudades eletrônicas



Dia desses, durante o carnaval fiquei matando o tempo da minha maneira preferida, olhando uma loja de CDs e DVDs. E foi aí que achei uma DVD do famoso “Concert In Central Park” de Simon & Garfunkel. As lembranças da infância vieram rápidas.
Apesar de sempre ter tido muito contato com música em casa, alguma coisa chamou minha atenção para uma coletânea desta dupla nova-iorquina que pertencia a um tio meu que na época, idos de 1982, morava em Piracicaba. Acho que nunca ouvi aquele disco. Só gostava da capa e da contra-capa, com o Paul Simon de bigode e cabeludão, sentado com o seu parceiro Art Garfunkel à frente de um alambrado, com o Rio Hudson ao fundo. Acho que, na verdade, era um pouco de admiração também. Queria ouvir o mesmo som que o meu tio ouvia, assim como queria ser engraçado e inteligente como ele.
Quando o showzão do Central Park foi exibido pela TV Bandeirantes, esse mesmo tio me chamou a atenção. Se não me engano era uma noite de domingo e fiquei lá, do alto dos meus nove anos, ouvindo clássicos do “soft rock” sessentista como “Mrs. Robinson”, “The Boxer” e “Homeward Bound”. Depois disso, pedi dinheiro pra minha mãe e comprei um disco igual ao que meu tio tinha. Tenho o vinil guardado até hoje. E ali, além das três musicas citadas, estão “América”, “Scarborough Fair” e, o maior sucesso da dupla, “The Sounds Of Silence”.
Por essas lembranças todas não resisti. Arrematei o DVD do “Concert...” e agora é como se tivesse um fragmentozinho da minha memória, exatamente aquele que me fez gostar de comprar discos e ouvir música, preservado na prateleira, podendo ser acessado a apenas um toque na tecla play. A sensação é boa.