quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Um som para hoje

Na verdade, Julio Reny é um som pra qualquer hora. Já escrevi sobre ele aqui. Visceral. Tem também uma entrevista fundamental com o cara no Língua Pop. O link tá aí do lado. Imperdível.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O PEDRO MALASARTES HARDCORE



Acabei de ler o fodaço “Pornopopéia”, um livro com poucas referências ao rock e até a outros tipos de música, mas que pode ser classificado como “rock´n roll” naquilo que a expressão desgastada tem de melhor. Ou seja, é um livro intenso, bem humorado e transgressor. Uma sucessão de cenas de sexo, drogas e canalhice protagonizada por um cineasta maldito e fracassado em sua descida inconsequente ao fundo do poço.
Reinaldo Moraes escreveu na década de 80 “Tanto Faz” um pequeno livro que influenciou dezenas de escritores da atualidade. Lançado pela série “Cantadas Literárias” da Editora Brasiliense, o livro conta a história de um estudante de economia que ganha uma bolsa para estudar em Paris. Chegando lá, deixa a carreira acadêmica de lado e cai na vida. Apesar dos excessos, o livro também tem um fundo autobiográfico. Reinaldo Moraes também largou a economia, mas caiu, de vez, no universo das letras.
Juntamente com o cartunista Caco Galhardo e a blogueira Ana Pands, ele apresenta o programa “Fogo no Rádio”, podcast que vai ao ar pela Rádio UOL. Os três recebem convidados para entrevistas absurdas ou tratam de temas interessantes com altíssimas doses de nonsense, ironia e piadas de todos os tipos de calão.
Além do cultuado “Tanto Faz”, Reinaldo Moraes já lançou Abacaxi (L&PM, 1985), o romance para jovens “Órbita dos Caracóis” (Cia. das Letras, 2003) e a coletânea de contos “Umidade” (Cia. das Letras, 2005).
“Pornopopéia” tem 475 páginas e levou quinze anos para ser escrito. Em entrevistas, Reinado tem comparado seu personagem principal, o cineasta Zeca, a um Pedro Malasartes aprontando das suas em meio ao caos urbano de uma São Paulo decadente, entre traficantes, prostitutas, publicitários esnobes, policias corruptos, adolescentes maluquetes, travestis e espiritualistas chegados demais aos prazeres da carne.
A história começa quando o ex-cineasta marginal, autor de um único longa metragem, o obscuro “Holisticofrenia” (“premiado na Colômbia”), sem dinheiro para manter o status de “criador alternativo” é obrigado a filmar um vídeo institucional sobre embutidos de frango.
Ao invés de procurar pelas idéias, Zeca chuta o balde e entra numa espiral de excessos sexuais e lisérgicos de todos os tipos. A exemplo do seu personagem, Reinaldo também apostou na falta de filtros e regras para contar sua história. A torrente de palavrões é tão grande quanto a quantidade de enrascadas, contravenções e pequenas canalhices em que o personagem se mete em sua obsessão por prazer.
O livro provoca muitos risos, principalmente na primeira parte. Reinaldo é um artesão que constrói seu texto caudaloso e verborrágico com esmero, utilizando grande talento e elaboração pra relatar as impagáveis aventuras (ou desventuras) de seu herói sem caráter, o Pedro Malasartes hardcore. Só a “surubrâmane”, orgia realizada num templo erótico-religioso, em que Zeca se mete consome 80 páginas de descrições tão picantes quanto engraçadas.
Em sua epopéia pornográfica regada a todos os tipos de substâncias ilegais, Zeca é um personagem que representa um pouco a era de individualismo exacerbado e busca de prazer a qualquer custo, apenas pelo próprio prazer, em que vivemos. Por isso, a coisa que o personagem mais faz, além de copular e consumir drogas, é dar de ombros para o que os outros podem pensar ou sofrer com suas atitudes.
Ao final do calhamaço, o que provocou riso por tantas páginas passa a se transformar em desconforto ou pena ou raiva ou outra coisa qualquer. Ler “Pornopopéia” pode ser uma experiência intensa. Exige leitores dispostos a tal.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Tom Waits


O cara é foda. A foto é boa. O som é perfeito depois de um dia duro como hoje.

sábado, 19 de setembro de 2009

Dia e noite ou vice-versa

De dia
Raciocínio errático
Lunático

De noite
Interruptor apagado
Alucinado

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Canções Estradeiras


Dia desses me bateu uma vontade louca de trocar minha motinho por uma moto decente, chopper estradeira e tal. Aí você vai pensar na vida, nas contas e vê que é foda. Agora, os caras vão começar cobrar pedágio das motos também. As estradas são ruins e perigosas. No fim das contas, a grana é curta e acho que vou ficar aqui babando só na vontade de viver meu “Easy Rider” caboclo.
De qualquer maneira, ao pensar nisso, acabei fazendo uma lista de canções estradeiras que posto abaixo. A escolha é meio óbvia, mas de algumas delas não tem como fugir.

1 – Iron Horse – Motorhead (na versão ao vivo do “No Sleep til Hammersmith”)
2- Highway Star – Deep Purple (na versão original do “Machine Head”)
3- Highway 49 – Howlin´ Wolf (versão das “London Sessions”, com Eric Clapton, Steve Winwood e tal)
4- Ride On – AC/DC (Bon Scott, emocionante até hoje)
5- Southbound – Allman Brothers (do disco “Brothers and Sisters”)
6- Why Don´t We Do It In The Road – The Beatles
7- Sitting On The Road Side – Arnaldo Baptista e Patrulha do Espaço (a melhor versão é a do “Elo Perdido”. Esqueci o título em português)
8- Route 66 – Rolling Stones (a versão do primeiro disco)
9- Fricção – Inox (raridade do metaaaaal nacional dos anos 80)
10- The Passanger – Iggy Pop (pau no cu do Capital Inicial)

Dada a obviedade da primeira lista, acabei tendo vontade de fazer uma outra lista (bateu um momento “Alta Fidelidade” hoje). Desta vez as escolhidas foram canções boas de ouvir na estrada, independentemente dos temas. A lista segue abaixo, quem não gostar que faça o favor de sugerir as suas.

1- Love Her With a Feeling – Freddie King (foda!)
2- Never Before – Deep Purple (também do “Machine Head”)
3- Stacker Lee – Dave Von Ronk (fodíssima)
4- I´ll Get By – Crazy Horse (do disco de 1971 da banda que acompanha o Neil Young)
5- With a Woman – Howlin´ Wolf (acho que o Steve Ray Vaughan gravou essa música com o nome de “I´m Leaving You”. A versão do Lobão Uivante é melhor)
6- Lousiana Black Dog Moses - Mark Olson and the Creekdippers (puta banda, pouco conhecida. Uma das melhores coisas de “alt country” que já ouvi. Essa música é fudida.)
7- She´s So Fine – Jimi Hendrix Experience (pérola do “Axis Bold as Love” cantada pelo Noel Redding)
8-The Same Thing – Muddy Waters (música do Willie Dixon)
9-Return to Sender – Mojave 3 (daquele disco bonitão…acho que o nome é “Excuses for Travellers”
10-Lonesome Town – Paul Macartney (baladaça que tem no “Run Devil Run”)

Porra, fazer listas é gostoso pra caramba. Me fez lembrar o hábito pré-histórico de selecionar canções para as velhas fitinhas cassete. Olha a síndrome de “Alta Fidelidade” novamente... Quem sabe não invento novas listas nos próximos posts. Por hoje chega.

sábado, 12 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Walter Franco

Vi shows maravilhosos do cara.
Tô sentindo falta de ver outros.
O post é pra matar saudades.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Frank Jorge é foda



Esqueça o sonolento Nenhum de Nós e os pretensiosos Engenheiros do Hawai. O que faz o rock do Rio Grande do Sul importante no cenário roqueiro nacional são nomes menos conhecidos por aqui, mas que somam atitude, humor e ótimas referências para fazer rock de qualidade. Eu falo do trovador Julio Reny, do rei do punk-brega Wander Wildner e do poeta pop multinstrumentista Frank Jorge, que lançou no finalzinho de 2008 seu terceiro CD solo.
Frank é um veterano da cena gaúcha. Integrou grupos fundamentais do rock dos pampas como os Cascavelletes, a Graforréia Xilarmônica e os Cowboys Espirituais. Produziu o ótimo CD de estréia dos The Darma Lovers e teve suas canções gravadas por nomes consagrados como os grupos Ira e Pato Fu.
Intitulado simplesmente “Vol.3”, o novo CD sucede o fundamental “Carteira Nacional de Apaixonado”, lançado em 2000, e o pouco lembrado “Vida de Verdade” de 2003. Assim como nos seus dois trabalhos anteriores Frank Jorge elabora seu coquetel roqueiro à base de rock´n roll básico, new wave, psicodelia, humor, ironia, romantismo e imensas doses de jovem guarda, sua principal influência. Tudo isso estruturado com versos elegantes e ótimos refrões.
“Elvis”, a faixa de abertura, pode ser considerada uma síntese do trabalho, com seu refrão espirituoso e de uma verdade “inapelável e crudelíssima”, como diria Nelson Rodrigues: “Elvis na fase decadente/ É bem melhor que muita gente”.
A irônica metralhadora verbal do gaúcho aponta até para o próprio trabalho em “Obsessão anos 60”, em que ele canta sobre uma base totalmente “jovem-guardística” “Não suporto mais esta obsessão pelos anos 60/ Não consigo explicar/ Só sei que ninguém mais aguenta”.
“A Historiadora” é a impagável história de uma acadêmica sisuda que vive entre teses e pesquisas científicas, mas que guarda escondida no armário uma fita do filme erótico japonês “O Império dos Sentidos”.
Uma das minhas preferidas é a balada “O que sobrou do mundo”. Para variar a estrutura musical é jovem guarda pura, mas ao invés das declarações de amor adolescentes semelhantes às que cantavam o Tremendão Erasmo Carlos, a Ternurinha Wanderléia ou o Rei Roberto, aqui o cantor tece cenários típicos da classe média brasileira, às voltas com problemas financeiros e tédio no casamento. “Um dia, se o salário melhorar/ Meu plano é viajar/ Levando as crianças/ Um cadeado vou botar no frigobar”.
O tema do amor desgastado também está na ótima “Não Espere Mais Nada”. Mistura de Beatles e Roberto Carlos, tem uma deliciosa melodia e a letra esperta com versos como “Nossa vida nos primeiros tempos foi muito boa/ Saímos no tapa e depois recitamos um Fernando Pessoa”. O rockinho “Se Você Ainda Me Quiser” é outro rock´n roll a lá jovem guarda que encerra o CD de forma classuda.
Curiosidades: Frank Jorge já trabalhou na Secretaria de Cultura da cidade gaúcha de São Leopoldo. É poeta, apresentador de TV, professor universitário na Unisinos, onde leciona no curso de formação de produtores e músicos de rock, do qual é criador. Em “Vol. 3”, ele toca todos os instrumentos.
Esqueça a coleção de clichês acéfalos da Pitti ou dos tais Fresnos e NXs. Se você estiver afim de um bom disco de rock nacional, bem produzido, com letras inteligentes, românticas e engraçadas, Frank Jorge é o cara.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Hoje - o avesso da parolagem



Hoje não quero ter
Nem ser
Nem ir adiante
Esquivo
Aflito
Calado
Suspeito de todas as palavras

Sem mover um músculo
Sem ponto de partida
Evito negociar
Costuro a boca dos filósofos
Corto a língua dos holísticos
Hoje nada
Fechado
Singular