sexta-feira, 31 de outubro de 2008

The Doctor is alright

Documentário sobre o mestre Hunter S. Thompson. Medo e delírio no bloguinho.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Guitarras, guitarras e mais guitarras

Olha os putos aí. Estes são o Txélos, parceiro nas canções doentias e maestro da banda sem nome e o Julio, o guitarrista de toque mais elegante e melodioso do Velho Oeste. Nas fotos, eles tocando o pesadelo psicodélico que chamamos de "Meu Amor" num ensaio aqui em casa. A letra está log abaixo. Faltaram fotos das cantoras Aline e Tânia. Fica para a próxima pra rolar um suspense.






MEU AMOR

Me desculpe se eu não sei escrever
Versos felizes.
Me corrija quando eu cometer
Meus pequenos deslizes.

Não vou buscar estrelas de neutrons,
Pulsar ou quasar,
Gigante vermelha
Pra te iluminar.

Meu amor, meu carinho,
Bebo do teu vinho,
Mastigo tua carne
Depois cuspo teu espinho

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Cascavelletes - Lobo da Estepe

Essa é do tempo que o rock gaúcho era legal. Meu little brother Pedro que lembrou do clipe pela citação a "Mrs. Robinson"

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Filmes

Neste final de semana aproveitei pra ver velhos clássicos. Assisti pela primeira vez "La Dolce Vita", de Fellini. É realmente maravilhoso. Ao mesmo tempo, algumas coisas são tão atuais e outras refletem o espírito meio hedonista daquela época. Marcello Mastroianni está fantástico. E ainda tem as musas Anouk Aimée, Anita Ekberg (abaixo) e a Nico. Sim! A Nico do Velvet, fazendo papel dela mesma e chamada de Nicolina pelos amigos. A cena famosa do banho de la Ekberg é bonita, mas gostei especialmente da seqüencia das crianças que vêem a virgem. A cena da multidão enlouquecida sob a chuva, destruindo a árvore da suposta aparição vale um tratado da estupidez humana. O final do filme, com a festa decadente e a sequencia da praia, também é demais. Lindo. Fellini é foda. Me deu vontade de rever "Amarcord" e "La Nave Va".



Também revi "The Graduate" (A Primeira Noite de Um Homem) com Dustin Hoffman, Katherine Ross e Anne Bancroft como a inesquecível Mrs. Robinson, uma das coroas mais sexy do cinema. O filme é do Mike Nichols, com trilha sonora de Simon & Garfunkel. Muito legal.








quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Por sobre a solidão do mar
As luas flutuaram.
E foram centenas.
Fatigadas, encobertas por nuvens e trancadas em caixas de vidro.

Por sobre o asfalto
As madrugadas escorreram.
E foram milhares.
Com suas estampas frias, seus répteis e suas correntes.

Agora, por sobre os prédios
Um milhão de manhãs explodem.
Sórdidas, suspeitas e cheirando a enxofre.
O importante é que tragam o sol.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

The Hooker





Friozinho e chuva. Ouvindo John Lee Hooker em vinil: "T.B. Is Killing Me". Poesia bluesy. Janelas fechadas. Tempo fechado. Pé gelado. John Lee Hooker é um daqueles caras que dão "sustância", como diria minha avó. É feijão, é alicerce, é raiz. É foda, enfim.


Visceral. Esse disco da Eldorado, "Get Back Home in USA" é um clássico. Um verdadeiro tesouro de despojamento e força. Hooker, baby. Só a guitarrinha e o "tap tap" no chão do estúdio. Forte e básico.





segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Rock´n Roll Girl

Uma outra letra que fiz para um música do Txélos. Uma vez mais, aletra é tosca e a música excelente. Precisamos entrar no estúdio para gravar essas coisas. Uma história de amor doentio. Mais uma.


ROCK`N ROLL GIRL


DON´T LEAVE ME ALONE, MY ROCK´N ROLL GIRL
FIQUE AQUI PRA DANÇAR
DEMOREI MUITO PRA TE ENCONTRAR
FIZ UM BLUES NUMA MESA DE BAR
SÓ PRA NÃO ESQUECER TEU OLHAR

A LUA SE ESCONDEU, MY ROCK´N ROLL GIRL
A NOITE É FRIA E OS ANJOS RASTEJAM NO CHÃO
VOCÊ NÃO VAI SAIR, SEM OUVIR A CANÇÃO

NÃO FALE DE AMOR, MY ROCK´N ROLL GIRL
PUT YOUR RED SHOES AND DANCE
TENHO SANGUE NAS MÃOS, VOCÊ VÊ
NOSSA GUERRA PASSA NA TV
COM EFEITOS ESPECIAIS PRA VOCÊ

domingo, 19 de outubro de 2008

A pequena torre

Estou caminhando por uma viela do centro de São Paulo. É noite, faz frio. No meio de construções altas surge uma pequena torre, quase um castelinho desses que outrora construíam os bem humorados ou os megalomaníacos com grana.
É negra a pequena torre. Está encravada atrás de um muro baixo com um gradil por cima. Está no escuro, apagada. Fica num canto, num lugar estranho onde o trajeto da ruazinha parece tomar um rumo absurdo. Aliás, existem muitas vielas assim em São Paulo. Ela também fica de uma maneira meio oblíqua no terreno. Este, por sua vez, é pequeno para a região. A torre fica espremida, escondida entre edificações maiores, mais novas, mais nobres e iluminadas.
É feia e torta, quase não se vê. Não tem a imponência que os engenheiros e arquitetos sempre procuram emprestar a suas obras. Parece até feita por um humano. Na verdade parece humana na sua imperfeição. É uma torre escura, numa curva da viela. Está fechada e esquecida. Nem parece uma torre.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

São Paulo, sábado passado, 19h15

Um cara lava o rosto na enxurrada que desce da Avenida Paulista. Todo de preto: tênis, bermuda e camiseta. Ele coloca uma perna de cada lado do pequeno rio que escorre pela sarjeta. Inclina o tronco mantendo as pernas alongadas, mergulha as mãos na água e lava o rosto freneticamente. Molha até os cabelos crespos. A água escorre imunda. Ele parece sorrir.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

See the sky - a canção

Fiz essa letra a partir da linda "See the sky (about to rain)" , do Neil Young. A música é do Txélos, parceiro de longa data. Linda, como quase tudo que ele faz. Ecos velvetianos, neilyounganos e tudo o mais que vale a pena.


SEE THE SKY

See the sky
About to rain
And we are going to fall
In love again

See the sky
About to cry
And we're going to fall
In love and die

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Teoria Geral das Fitas

O título acima é uma brincadeira com o “Alta Fidelidade”, do inglês Nick Hornby, que acabou virando um filme bacaninha com o John Cusack e o Jack Black. O protagonista do romance (não lembro o nome dele) adora gravar fitinhas para os amigos e as garotas que está afim. Para isso, ele tinha toda uma teoria sobre como deveria ser montado o repertório da fita, a ordem das músicas e tal. Quando li o livro me dei conta de que eu também tinha toda uma metodologia de gravação de fitas, dependendo dos objetivos.
Recebi dia desses algumas fitas cassete de presente do meu amigo Edson Nogueira. Além das gravações raras do violeiro Raul Torres na Odeon e na Victor, um detalhe bastante prosaico chamou minha atenção: a caixinha da fita da marca Scotch. Há anos que eu não via uma dessas por aí. Como nostálgico incurável me lembrei da época em que as fitinhas cassetes circulavam entre os amigos numa forma de pirataria bem mais inofensiva e precária que a atual.
Quando eu era criança meus pais tinham uma fita Scotch igual à que o Edson me deu. Lembro que tinha umas músicas da Elba Ramalho, Amelinha, Zé Ramalho e “Vela Aberta”, sucesso solitário de Walter Franco, que o meu pai gostava muito. Por causa dela, acabei virando fã de carteirinha desse doce maldito da MPB. Pois é... para as pessoas da minha idade algumas fitas marcaram épocas da vida, assim como os LPs.
Lembro das fitas do meu pai. Tinha as de samba, as de MPB, as de orquestras (que eu não gostava). Tinha uma que era só samba e balanços de Jorge Ben e Bebeto. Hoje tocaria tranqüilamente numa festa retrô moderninha de samba rock. Uma fita da Ópera do Malandro me deixava impressionadíssimo com as letras de imagens fortes e, é claro, com o famoso “joga bosta na Geni”.
Gravar fitas era uma delícia. Era um presente barato e super personalizado que você poderia dar para os amigos ou pra uma garota que estivesse afim. Tinha as Scotchs de caixa cinza, as japonesas da TDK e as horríveis Vats que enrolavam facilmente. Colocar uma Vat pra tocar no carro era praticamente dar adeus à fitinha. Mas a campeã absoluta nas minhas memórias são as Basf amarelinhas. Depois a Basf ficou vermelha, surgiram as Sonys azuis. Nenhuma delas como as Basfs amarelinhas.
Meu pai gravou minhas primeiras fitas. Lembro de uma com os Saltimbancos Trapalhões, o tema do Flash Gordon e umas músicas da Turma da Mônica. Quando o Kiss veio ao Brasil em 1983, emprestei o LP “Creatures of the Night” de um vizinho. A fita gravada pelo meu pai tocou até acabar e me fez começar a gostar de rock.
Eu também gravei centenas de fitas pela vida afora. Tenho até hoje na casa da minha mãe uma grande gaveta lotada delas. Desde raros cururus até coisas maravilhosas de rock, que ainda não achei em CD, como uma coletânea dos primórdios do punk rock, gravada de um CD japonês trazido de lá por um colega de faculdade.
Aliás, como sempre tive muitos LPs, na época da faculdade virei uma espécie de gravador oficial de fitas da turma. As fitinhas tinham temas. Uma era de rocks pra pegar estrada, outra de sambas, podia ser o melhor do Caetano, uma seleção de Beatles ou outra pra curtir aquela fossa e, lógico, aquela pra conquistar a menina dos seus sonhos.
Hoje podemos gravar CDs. O som é melhor, mas nada me tira da cabeça que não tem o mesmo charme. Não é tão pessoal. Já na era dos CDs, com as fitinhas em franca decadência, gravei uma seleção do grupo escocês Belle & Sebastian pra uma garota de cabelos curtinhos que fazia faculdade comigo. Gosto de pensar que a fitinha ajudou que ela virasse minha namorada. A fitinha ajudou a dar o impulso inicial. Fiz a minha parte e estou com a garota até hoje, dividindo vida e canções.

Para Aline, num dia comum

Hoje acordei cedo
Vi as mesmas caras e os mesmos sorrisos
Pela janela do carro, um desfile de carnaval
Meio pobre, meio ralo, um tanto hostil.

Na net havia amigos demais,
Países demais e pouco silêncio.

Liguei a TV para assistir
Um cemitério em alta definição.
E nos intervalos, Deus em forma de carro zero.

A noite chega e meus olhos cansados precisam repousar
No teu corpo

Homenagens

A Roberto Piva


Nas asas da América Latina
Onde o sangue invade o mel
O óleo diesel vaza da pia batismal
Sem sentido,
No ventre de uma igreja viva
Que arfa e mostra os dentes

Eu vi a cobra coral devorar o natimorto
Ouvi os sons de escapamentos
E o trole da modernidade rasgando as estradas de leite contaminado

Respirei o pó branco da invenção e da leveza
O gineceu invadido, o coma de minhas artérias
E assim deixei o dia chegar frio e abri as janelas sobre o mar escuro



A Torquato Neto


Aqui em Paupéria
É mais fácil ser torto que ser anjo
Abrir o gás dessa miséria
Apagar
Estreitar a relação entra a febre e o violão
Um beijo moreno-exagerado no escuro