sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Homenagens

A Roberto Piva


Nas asas da América Latina
Onde o sangue invade o mel
O óleo diesel vaza da pia batismal
Sem sentido,
No ventre de uma igreja viva
Que arfa e mostra os dentes

Eu vi a cobra coral devorar o natimorto
Ouvi os sons de escapamentos
E o trole da modernidade rasgando as estradas de leite contaminado

Respirei o pó branco da invenção e da leveza
O gineceu invadido, o coma de minhas artérias
E assim deixei o dia chegar frio e abri as janelas sobre o mar escuro



A Torquato Neto


Aqui em Paupéria
É mais fácil ser torto que ser anjo
Abrir o gás dessa miséria
Apagar
Estreitar a relação entra a febre e o violão
Um beijo moreno-exagerado no escuro

3 comentários:

Pedro Reis Lima disse...

Puxa que bom ver de novo o antológico
poema para o T. Neto. Eu cheguei a copiá-lo numa das folhas do "ùtlimos dias de paupéria". Muito bom, mande mais. O do Roberto Piva eu nao conhecia ou nao me lembrava.
E vamos em frente.

Pedro Reis Lima disse...

Muito bom o poema em homenagem ao R. Piva. Sugiro que você mande pra ele.
Nao sei como você poderia fazer isto mas certamente nao será muito difícil. Certamente ele ficaria contente com o poema, sei que ele está com Parkinson e um tanto recolhido em suas paranóias. Contudo sempre é bom ser lembrado e admirado. Pense no caso. E afinal você falou com A.Candido ou nao ?
Abracos.

Pedro Reis Lima disse...

Depois que postei meu comentário segundo fui para o jardim ler um pouco. Fiquei matutando de onde eu tirei que o R.Piva está com Parkinson. Lembro de alguém comentar isto, mas era em tom de humor, algo como ele se queixando e dizendo que estava doente. Releve esta informacao da doenca e pense com atencao na idéia de lhe enviar o poema. Abracos.