domingo, 19 de outubro de 2008

A pequena torre

Estou caminhando por uma viela do centro de São Paulo. É noite, faz frio. No meio de construções altas surge uma pequena torre, quase um castelinho desses que outrora construíam os bem humorados ou os megalomaníacos com grana.
É negra a pequena torre. Está encravada atrás de um muro baixo com um gradil por cima. Está no escuro, apagada. Fica num canto, num lugar estranho onde o trajeto da ruazinha parece tomar um rumo absurdo. Aliás, existem muitas vielas assim em São Paulo. Ela também fica de uma maneira meio oblíqua no terreno. Este, por sua vez, é pequeno para a região. A torre fica espremida, escondida entre edificações maiores, mais novas, mais nobres e iluminadas.
É feia e torta, quase não se vê. Não tem a imponência que os engenheiros e arquitetos sempre procuram emprestar a suas obras. Parece até feita por um humano. Na verdade parece humana na sua imperfeição. É uma torre escura, numa curva da viela. Está fechada e esquecida. Nem parece uma torre.

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