sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Noite fria na alma

Cortam árvores no bairro, covardemente, burramente, mas às 6:04 da madrugada ouvi o primeiro pássaro cantar e tumultuar minha insônia com aquela sensação foda de que a hora de pular da cama e começar a cavar a sepultura no trampo. O mundo bem que podia pegar fogo fora da minha cabeça. Aqui dentro ando cultivando o enfadonho hábito de passar mal com as coisas: os tiros, as putarias de políticos, o corte indecente das árvores, o Natal obrigatório. Percebo que ficar anestesiado é absolutamente necessário para a pura e simples sobrevivência. Hoje sinto vontade de silêncio, escuridão, ausência, solidão e completa imobilidade. Pelo menos até os entulhos da mente serem decompostos. Hoje tive vontade beber algo forte. Brindar aos fracassados, aos santos, aos penitentes, aos profetas, aos pássaros e às ilhas remotas onde um dia espero naufragar feliz.

3 comentários:

Txellu's Augustu's disse...

Têm dias que de noite é assim mesmo
Dias frios, sombrios, de solidão sólida
Ainda bem que agora não tenho cabeça

Vou me embriagar até que alguém me esqueça

Sérgio disse...

Foda né? Vemos vocês em 2009 ainda?

Tania disse...

Nos vemos em 2009 ainda, vamos passar o Natal em Btu.
Beijos