segunda-feira, 25 de maio de 2009

Germano Mathias

“Por onde andará Germano Mathias? Magro, irrequieto, sarará, sua ginga da Praça da Sé, jogo de cintura da crioulada da Rua Direita? E o que foi que fez, maluco, azoado, de seu samba levado na lata de graxa?” Assim começa o belo texto “Abraçado ao Meu Rancor”, no livro do mesmo nome, escrito por João Antonio, cronista do submundo das grandes cidade brasileiras.
Pois é... Germano andou por aqui neste final de semana e tive o prazer de passar umas boas horas batendo um papo quase surreal com o catedrático do samba. Aos 75 anos de idade “corpo limpo, sem varizes e afogando o ganso como se fosse o pavão misterioso”, Germano é daquele jeito que vemos na televisão ou no DVD Ginga no Asfalto. Fala pelos cotovelo, emenda uma piada na outra, a maioria de duplo sentido.
Esse foi o lado A da conversa. O lado B foi uma inusitada palestra sobre reencarnação, lei do carma, resgate, umbrais e todo o tradicional discurso kardecista. Germano e o lendário Ventura Ramirez, um dos mais importantes violões de 7 cordas de São Paulo, fizeram uma conferência que daria inveja ao Chico Xavier.
Depois do papo pornô-espírita, Germano, acompanhado por Ventura, o mestre Osvaldinho da Cuíca, além de dois músicos jovens no cavaquinho e na percussão, deram aquele show saboroso, recheado de sambas sincopados, piadas e samba no pé. Com a lata de graxa e tudo. Inesquecível. Aline fez as fotos abaixo.
De resto, deixo as palavras do João Antonio: “Já Germano Mathias repinicava na lata de graxa escarrapachadamente, samba subido ou descido da Barra Funda, do Largo da Banana, da Alameda Olga, com escala posterior pelos Parques Peruche. A lata de graxa dá um som mais fraquinho, estridente, que não é o da frigideira. Som oquinho, moleque, serelepa algo debochado, catimbado. Isso, catimba. A frigideira vai longe, a lata de graxa manda para perto do ouvido. E da gente. Mas tem que, o sarará desenvolvia um repinicado gingado, atiçado. Viu uma faca correr no prato, no samba? Pois é. Bonito. Assim o sarará batia a lata de graxa”





4 comentários:

Kave Pedro disse...

Joao Antonio, Germano Mathias & Fubá.
Este tipo de encontro é dos bons e eu daqui me sinto honrado do papo docês três. Saravá dos fortes.
Abracao.

Sérgio disse...

Saudades mano véio...a coisa tá corrida aqui. Preciso por as notícias (as nossas) em ordem.
Saravá

PS, disse...

Se levarmos em consideracao o capítulo diálogos surreais, tal qual você nos contou no antológico encontro com o sambista, a transcricao daquele encontro Jorge Mautner-Nina Hagen até que faria algum sentido. De maneira geral ficaria uma farofada ao som do samba do crioulo doido, mas até aí, tudo em ordem. Abracao. Pedro.

Sérgio disse...

Porra...tô devendo o diálogo do Mautner com o monstrinho alemão.
Vou tentar lembrar.