sábado, 30 de maio de 2009

Gulliver é brasileiro?

Disse o rei para Gulliver, após ouvir sobre como as coisas funcionavam na velha Inglaterra:

“Fizestes o mais admirável panegírico de vosso país; provastes à sociedade que a ignorância, a ociosidade e o vício são os ingredientes adequados à qualificação de um legislador; que as leis são melhor explicadas, interpretadas e aplicadas por aqueles cujo interesse e habilidade consistem em as perverter, confundir e iludir. Observo entre vós alguns traços de uma instituição que poderia ter sido, originariamente, toletrável, mas cuja metade está quase apagada, ao passo que o resto foi inteiramente obliterado pela corrupção. Não transparece, em quanto dissestes, que se exija uma única perfeição para alguém que atinja uma posição qualquer entre vós; e muito menos que os homens sejam enobrecidos em razão da sua virtude; que os sacerdotes sejam promovidos pela piedade ou pelo saber; os soldados, pelo procedimento ou pelo valor; os juízes, pela integridade; os senadores, pelo amor à pátria; os conselheiros, pela sabedoria. Pelo que vos toca”, prosseguiu o rei, “a vós, que passastes viajando a maior parte da vida, inclino-me a pensar que tenhais, até agora, escapado a muitos vícios do vosso país. Mas, pelo que depreendi do vosso próprio relato e das resposta que, tão penosamente arranquei e extraí de vós, não posso menos de concluir que a grande maioria dos vossos semelhantes é representada pela mais perniciosa raça de pequenos e odiosos insetos que a natureza já permitiu rastejassem na superfície da Terra”.

Parece um lugar que eu conheço...

Nenhum comentário: