quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vi o Ensaio


Finalmente assisti o “Ensaio sobre a Cegueira” do Fernando Meirelles. Gostei muito do filme. Não li o livro do Saramago, mas imagino que a pedrada que é o filme seja fiel às intenções do texto do mestre português. Nada de comparar o filme ao livro, cinema é uma linguagem, literatura é outra. O importante é que o filme é bom.
O elenco é ótimo e Julianne Moore, sempre citada como uma das grandes atrizes norte-americanas da atualidade, tem uma atuação maiúscula. Os coadjuvantes, como Danny Glover, Alice Braga, Gael Garcia Bernal também mandam muito bem. Até o xaropinho indie Mark Rufallo está suportável.
Mas, apesar do talento do elenco, o filme é do diretor. Tenso, denso, com uma fotografia sofisticada e inusitada para os padrões hollywoodianos, o filme provoca um incômodo e uma angústia, estranhos ao gosto do público médio. A sequência do estupro coletivo é particularmente aflitiva.
Meirelles também usa a trilha sonora, composta pelo grupo Uakti, de uma maneira inteligente, sem recorrer a soluções fáceis para criar climas.
Sem falar no inusitado de ver a cidade de São Paulo abandonada em estado de caos total, bem... pelo menos um caos diferente (e muito mais intenso) do que estamos acostumados.
Apesar de Fernando Meirelles e da ação se passar em São Paulo não dá pra dizer que é um filme brasileiro. Da mesma forma, “Ensaio...” não pode ser classificado como um drama hollywoodiano comum. Talvez por isso tenha tido uma trajetória de estranho no ninho dividindo crítica e público. O filme ficou de fora das principais premiações do cinema internacional, mas recebeu as lágrimas e os elogios de José Saramago, o que para o diretor deve ter valido uma caralhada de oscars, palmas, leões e outros bichos...

Um comentário:

Anônimo disse...

Se eu já era fã dos outros trabalhos de Fernando Meirelles, depois do Ensaio posso dizer que o cara é do caralho.