quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Borges novamente pela primeira vez



Acabei de ler “O Aleph” de Jorge Luis Borges. A única coisa que tinha lido dele é “A História Universal da Infâmia”, quando eu tinha uns 14 ou 15 anos de idade. Lembro que gostei, achei delirante e tal. Mas reler Borges agora foi como encontrar o autor pela primeira vez.
Dá pra perceber que há todo um universo por trás de sua literatura, composto por um conhecimento histórico e uma cultura geral quase absurdas (sei que Borges era leitor de enciclopédias, estudioso de etimologia e dizia que imaginava o paraíso como uma espécie de biblioteca) e uma capacidade de adaptar personagens de tempos e lugares distantes às mais diversas situações fantásticas. Vários dos contos do Aleph começam definindo a época e o lugar onde a ação inicia, o que causa uma sensação de “era uma vez”, remetendo a histórias contadas pelos mais velhos numa noite de conversa.
Além dos temas fantásticos, Borges gosta de tratar do universo dos pampas, como uma verdadeira mitologia gaúcha, tema que me agrada particularmente. Nesse sentido, o conto “O Morto” me impressionou bastante.
O livro todo é muito interessante. Apesar de ler uma tradução, a abordagem inusitada dos temas e a delicadeza de ourives no trato com as palavras me impressionaram bastante. A cada parágrafo, o autor encontra soluções poéticas de beleza simples, que tornam suas descrições (os textos são sempre bastante descritivos) impressionantes e fazem querer reler parágrafos a todo momento.
Acho que o conto que mais me impressionou foi “A Casa de Asterion”, a sina da besta feroz e inocente contada de uma maneira totalmente inusitada. Parece um poema em prosa. É duro e é fascinante como são as sinas. Confesso que me emocionei lendo, de um modo que há tempos não acontecia. Talvez desde que o meu irmãozinho Pedro me emprestou o “Lavoura Arcaica” do Raduan Nassar. Uma pena o Pedro não estar por perto. Valia a pena uma leitura conjunta de “A Casa de Asterion” e de vários outros contos de “O Aleph”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Já está anotado meu caro, próximo encontro "O Aleph" vai nos contar suas estórias. Valeu pela lembranca, daqui também sinto falta dos nossos papos & leituras. Abracao. Pedro