sábado, 4 de fevereiro de 2012

Embalosde sábado na madrugada



Depois que um pernilongo sugou meu sangue entupido de remédios por um dos dedos do pé resolvi levantar de vez da cama e levar minha agonia para perambular pela casa. Tive vontade de ouvir “Just Like a Woman” na bela versão do “Before the Flood”, mas o povo dorme aqui em casa. Um amigo arranjou um novo amor e isso me deixou feliz. Um novo amor em Viena parece até título de filme com o Fred Astaire. Por aqui, sigo e vou. Parece que tem uma espada atravessando meu pescoço. Ganhei um cd de relaxamento que, dizem, vai me ajudar. Mas eu não tenho coragem de colocar pra tocar um cd de relaxamento. Meus rins seguem aos trancos e barrancos. Faz calor pra caralho. O documentário sobre o Paulo Francis que acabei de assistir terminou de forma melosa e lamentável. Hoje tentei nadar à tarde mas não consegui. Tudo no meu corpo parece estar precisando de ajustes. Como se não bastasse a velha mente que não desliga e também não resolve porra nenhuma. Tenho vontade de ficar sozinho num mosteiro ou algo assim, isolado do mundo. Paira misteriosa a velha sombra. O trabalho começou e o bode também. As pessoas são capazes de ouvir uma música onde o cara se declara orgulhosamente “bruto, rústico e sistemático” e dispara, orgulhosamente e em mau português proposital, patadas em gays e mulheres. O Reinaldo Moraes tá certo. A carneirada ganhou o jogo. Eles não sentem mais vergonha de serem estúpidos e ignorantes. Agora ofendem quem ousa ser diferente. Lembro de um moleque de 22 anos que trabalhava ao meu lado me ridicularizando porque eu lia um livro. E pior! Um livro escrito por uma mulher! Era o “Só Garotos”, da Patti Smith. Acabo de ver um especial sobre o Chico Science na MTV e fiquei lembrando dos anos 90. Saudades de velhos amigos. Saudades das tantas coisas que não fui. Ainda não ouvi o vinil do Tom Waits que comprei num sebo da galeria. Comprei a trilha sonora de “Shaft” também. Baixei “Chet Baker in New York”, de 1958. No meio desse turbilhão mental misturado com decadência física acelerada, duas decisões: Vou retocar minha velha tatuagem e começar a ler “A abadessa de Castro”, de Stendhal. Amanhã jogo bola com meu filho no quintal até os 12 do primeiro tempo, que é enquanto aguento. Andei reouvindo Sérgio Sampaio por conta de um vídeo que vi no blog do Ademir Assunção. Parece que vai sair um documentário sobre ele que, aliás, é padrinho desse malfadado blog (vídeo abaixo). Um gênio perdido. Ouço as maravilhas que ele fez e fico imaginado o cara desfilando pelas ruas do Rio na década de 70. Tocando e tentando achar o seu lugar. A cidade maravilhosa alegre e também sombria naquele período. A música cheia de dor, beleza, humor e um lirismo intenso não cabia nos ouvidos do povão. Sampaio era e se considerava um cantor popular. E não bateu pro povo. Deve ter sido foda a trajetória de maldito até o fim. Faça algo de bom por você: saia daqui e vá ouvir Sérgio Sampaio! As pessoas são uns lindos problemas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Viva o Kung-Fu !
Viva o Danúbio !
Viva o Sao Francisco !
Viva o Lava-Pés !
Três urras ao Miguel, Rafael, Heitor, Henrique & mais quem vier
Urra !
Urra !
Urra !

Ali---------------------ne disse...

É isso aí, Pedrox! Tô contigo e não abro!