sábado, 15 de janeiro de 2011

Forró de janeiro – Guarujá, filmes & Heitor


Não vou escrever sobre a tragédia das chuvas pelo Brasil. Janeirão é sempre foda. Todo ano a mesma coisa. Cancelamos nossos dias de férias no Guarujá porque a cidade passa por um novo surto de diarréia. No ano passado sobrevivemos a um desses surtos passando um dia num hospital entupido de gente com nosso filho, na época com um ano e meio. Não dá pra submeter o moleque a esse risco novamente.
Pensando no Guarujá e nessas porras de enchentes não dá pra não imaginar como serão as coisas daqui há...sei lá... 40 anos. Veja só, 40 anos não é muito tempo. Eu ouço muita música e vejo filmes feitos há quatro décadas ou mais. Eu tenho quase 40 anos. A maioria dos meus amigos também.
Acho que a imagem é batida, mas é inevitável não pensar na humanidade como um câncer tomando um organismo. Mais gente, mais áreas impermeabilizadas, mais construções irregulares. Gente faz metástase. Vai cobrindo todas as áreas possíveis. É terrível. Imagine uma cidade do litoral, totalmente plana. É uma área no nível do mar coberta por tijolos, concreto, ferragens e asfalto. Milhares de pessoas se instalam em cima e seguem produzindo lixo e dejetos até o subsolo estar saturado e regurgitar a merda toda de volta.
Bom, deixando os dejetos todos de lado, os dias de janeiro tem sido mais tranquilos no trabalho. Finalmente consegui ver “Crazy Heart”, com o Jeff Bridges. Gosto desses filmes “pequenos”, baixo orçamento, histórias de gente comum. O filme é simples e bonito. O Robert Duvall é foda, no seu pequeno papel do caipira dono do bar. Que puta ator! As cenas dos bares onde Bad Blake toca atiçaram uma velha vontade. Voltar para os Estados Unidos. Levar a Aline pra conhecer Nova Iorque. Rodar por Memphis, Nashville e quem sabe pelo velho sul. O objetivo é ouvir blues, country, folk, jazz e viajar naquelas estradas míticas. Quem sabe um dia a grana dá...
Vi também “Milk” com o Sean Penn quebrando tudo. Gosto desses filmes com histórias verdadeiras. Acho que peguei isso da minha mãe. Quando víamos filmes na TV em tempos pré-videocassete, lembro dela avisar que ia passar um filme baseado numa história real. Como se isso desse ao filme uma certa distinção. Esses dois filmes serviram para diminuir, apenas um pouquinho, a imensa defasagem cinematográfica em que estamos mergulhados.
Em meio às notícias do fechamento do Belas Artes, consegui ir ao cinema uma vez em janeiro. Fui com my baby ver o argentino “Abutres” lá na Augusta. Gostei bastante do filme. O foda é o Ricardo Darín. É bom ator, mas ta começando a enjoar. O cara é o Wilson Grey da Argentina. Parece que ele está em todos os filmes de lá.
Ataquei a minha modesta “DVDteça” e consegui ver ou rever do finalzinho de 2010 pra cá: “Cães de Aluguel” (Tarantino), “Os Imperdoáveis” (o velho Clint), “Era Uma Vez no Oeste”(Sergio Leone, absolutamente genial), “Bagda Café” (Percy Adlon), “Um Homem, Um Cavalo e Uma Pistola”(Spaghettão B), “Django” (Spaghettão B), “Matá-lo” (Spaghettão B doentio), “Galo de Briga” (Monte Hellman, com Warren Oates), além dos documentários sobre os Ramones (“Ramones Raw”) e Johnny Thunders (“Born to Lose”).
Vi também “Forever” do Walter Hugo Khoury, no Canal Brasil. Gosto dos filmes do Khoury. Aquele ritmo lento, a tensão sexual, os instintos animais em meio ao luxo da alta burguesia paulistana. Sempre me interessa como ele mostra a cidade de São Paulo e os ambientes internos, cheios de sombras. Tem gente que não suporta. Eu sempre acho interessante.
Falando em literatura, passei janeiro relendo “O Corcunda de Notre Dame” do Vitor Hugo. Ainda não terminei. Mas é bom pra caralho. O “Estranhos Sinais de Saturno” do Piva tá sempre na cabeceira para doses de poesia a qualquer hora. Encomendei o livro da Patti Smith e o “Anjos da Desolação”, do Kerouac. Mas antes deles quero ler o “Pedaços de um Caderno Manchado de Vinho” do velho Buk.
Por fim, ficamos sabendo que o mais novo representante da curriola em Londrix vai se chamar Heitor. Boa escolha do casal T & T. Lembrei de um amigo da faculdade de Direito que tinha esse nome. Meus amigos de copo e de cruz eram todos da faculdade de jornalismo. No Direito, tinha alguns caras legais, mas o único que dividia o gosto pelas substancias alteradoras de consciência era esse cara. Que de quebra ainda tocava várias dos Beatles no violão.
Lembro dele passar nos domingos de manhã em casa, com seu fusqueta branco, me buscar pra jogar bola com uma turma de evangélicos que ele conhecia não sei de onde. Íamos os dois fominhas destruídos pela ressaca e eu ainda era o Pelé do jogo. Naquele tempo não tinha virado moda ser evangélico. Tinha uma meia dúzia de pernas de pau, ou bagres, como a gente dizia na Vila Maria. E eu que sempre fui um futebolista nota 5, acabava com o jogo no meio dos perebas de Cristo. De quebra, às vezes ele aparecia lá em casa com seu violão pra mostrar a nova que ele tinha tirado dos Beatles e mandava alguma obscura tipo, sei lá... “Rocky Racoon”. Boas lembranças.
Heitor dos Prazeres é um grande mito do samba carioca. Que o nosso pequeno paranaense viva uma vida de muitos prazeres. O tiozão, que vai ajudar a estragar o moleque, não pode desejar coisa melhor. Em sua homenagem, ouço um Tim Maia clássico aqui.

6 comentários:

Pedro. disse...

Três Urras ao Heitor! Urra ! Urra ! Urra ! Vinte Urras para a mae do Heitor! Urra! Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!Urra!

Grande abraco pra regional Lageado & Londrix. Fubá über alles !

Até Mar.
Pedro.

Pai do Heitor disse...

Quem puxa aos seus não degenera!
Dá-lhe viver!

Valeu Pedroso! Saudades!
Valeu família Santeira!

Mãe do Heitor disse...

Será um prazer ter tios como vocês estragando meu filho!

Beijos em todos

O menor tio do mundo. disse...

Viva os novos pais da nova geracao a geracao de Aquarius no ano do Coelho. Valeu Tannabis, Tchellos & família Fubations. Estamos na luta.

Até Mar.


Pedro, o menor tio do mundo.

Aline disse...

Grande Heitor! Aliás, grande mesmo... né, Tânia? Rs... Que venha para a festa!

Puta saudade de todos!
Aline

Mãe do Heitor disse...

Olha, esse menino promete se puxar o pai. Que venha o Heitor...mas que venha pequenino.
Saudades tb e cd vcs que eu ligo e ninguém atende.
Beijos