terça-feira, 7 de setembro de 2010

I´m really amazed

Neste final de semana em Sampa Aline e eu assistimos a peça “Mente Mentira” do Sam Shepard. Do caralho. Montagem fantástica, atores, cenários, ritmo, tudo. Fazia tempo que não via algo tão fudido no teatro. Também vimos “Música para ninar dinossauros” do Mario Bortolotto, na Mostra do Cemitério de Automóveis que vai até outubro no Centro Cultural São Paulo. Muito legal também. Teria milhares de coisas para escrever sobre as peças, mas a preguiça domina. Outro dia escrevo com calma. Agora, só queria registrar uma coisa sobre a trilha sonora da peça do Cemitério. Tem coisas fantásticas de Louis Armstrong, Van Morrisson e até “Jump” do Van Halen num dos melhores momentos da peça. Sem falar nos blues executados ao vivo pelas atrizes e pelo ator Paulo de Tharso. Mas o que achei foda é que a peça termina com “Maybe I´m Amazed” do Paul McCartney explodindo nos alto falantes. E tem tudo a ver. Acho que lá no escuro da platéia balancei a cabeça afirmativamente. Legal que usaram essa que é uma das músicas mais fodas do Macartney e, portanto, do rock´n roll. Se tem algo que me emputece é uma certa visão poser das coisas que impede que as pessoas admitam que gostam do velho Macca. Gostar do Lennon pode, afinal ele era engajado, briguento, ranheta e “lutava contra o sistema”. Já o Paul era o beatle bonitinho que fazia as músicas lindas para a namoradinha milionária, com quem aliás viveu a vida inteira casadinho e sossegado. Verdadeiro atestado de bundão. Aliás, pra que falar nos laureados Beatles se temos os “malvados e perigosos” Rolling Stones? É o mesmo papinho furado que ouvi de um amigo uma vez dizendo que não ouvia Led Zeppelin porque era comercial. Já as milhares de imitações vagabundas da dupla Page e Plant ele consumia com voracidade. Só porque o Zepellin era uma banda de sucesso. Pau no cu. Macartney tem vários discos ruins. Mas Lou Reed, Neil Young, Bob Dylan, Iggy Pop e todos os caras fodas do rock têm seus momentos desastrosos. O problema, mermão, é que quando o cara acerta e vem aquele som do baixo Hoffner, aquelas melodias de arrancar o coração e a voz rascante aprendida em milhares de horas ouvindo Little Richard, não tem pra mais ninguém. O resto todo ajoelha e bate palmas. Simples assim. Para quem discorda recomendo ouvir o primeirão dele, que tem “Maybe I´m Amazed” e no qual ele toca todos os instrumentos. Ou então seus trabalhos de estúdio, do “Run Devil Run” até agora. Todos muito bons. Paul Macartney é um dos grandes. Dos maiores. O Bortolotto ou sei lá quem fez a trilha sonora sabe disso. Paguei pau!