sexta-feira, 25 de junho de 2010

Mutarelli e os demônios


Acabo de ler “Miguel e os Demônios” do Lourenço Mutarelli. Li de uma vez só e fiquei com a impressão de que essa é a melhor forma de entrar nessa viagem doentia, arriscada e fascinante do autor.
Lembro que no início dos anos 90 quando meu velho amigo Zulu apareceu com “Transubstanciação”, que desconfio ter sido o primeiro álbum de quadrinhos publicado por Mutarelli, fiquei muito impressionado com o trabalho. O lance da angústia, da podridão, da ânsia pelo gozo em que seus personagens estavam mergulhados.
Li também os gibis “Desgraçados” e “O Dobro de Cinco”. Embora meu irmãozinho Pedro, esse sempre antenado com o que acontece de legal na literatura brasileira, mesmo estando a flanar e estudar na gélida Berlim (cidade-musa de Lou Reed, Nick Cave e David Bowie), já tivesse chamado minha atenção para os romances do Mutarelli, eu nunca tinha lido nenhum. Vi o filme de “O Cheiro do Ralo” e gostei.
Achei “Miguel e os demônios” admirável. A narrativa explicitamente cinematográfica, com direito a marcação de câmeras em vários pontos. O pequeno universo de perdedores que povoa o romance é exatamente o que eu tinha em mente ao tomar seus quadrinhos como referência.
Um dado que acho muito interessante no que ele faz é que embora a historia se situe no olho do mundo cão, em cenários absolutamente comuns e rotineiros, há sempre a presença de delírios e experiências místicas que brotam daquele chorume cotidiano. No caminho estreito dos fudidos e mal pagos (no caso deste livro, um investigador de polícia) a insanidade permanece em estado de larva, para a qualquer momento, por conta do sexo, da violência ou da solidão, sofrer a mutação e tomar conta da situação. O inseto que zumbe. Mas que acaba preso no pára-brisas num dia de calor.

6 comentários:

Rodrigo Roll disse...

Muito boa dica!

O Neto do Herculano disse...

Mutarelli, realmente, é sensacional.

Anônimo disse...

Puxa, muito obrigado pelo elogio e forca de sempre. Já já envio novas. Por enquanto estamos naquela toada em ritmo de a hard day`s night, saca? Abracao irmao! Saravá. Até Mar. Pedro.

Hey. disse...

Porra Sérgio, sabe que bateu certa nostalgia daquelas idiotices de outrora ? Portanto farei uma mínima coletânea de um pequeno tesouro que voltou às minhas maos.

Aleatório- Inglês CrashKurs disse...

O arrasta-pé terminou num bate-boca
The drag-foot finished in a beat-mouth.
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Sumiu de circulacao
He vanished from circulation
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Tirar de letra
To take of letter
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Tomada de posicao
Plug of position
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E para ver se vc tá aplicado e bom de memória diga lá a traducao para:


She painted in my house in a good one, but when I gave over her she lost the sportiveness, whirled the old woman from Bahia and told me to take the little horse out of the rain.

POBRE MEU BLOG disse...

Voltou pro Fisk, meu velho?
Só te digo uma coisa:
Don't burn the donuts...e viva o Millor.