Enfim... a imagem que eu tinha do ZZ Top não era das melhores. Aquela banda de pop rock bem comercialzão dos anos 80 que tinha clipes legais, cheias de mulheres gostosas e aquele Hot Rod vermelho. Foram as turcas que me mostraram os anos 70 do ZZ Top que é uma fase do caralho da banda. O disco 3 Hombres é sempre citado nas listas de melhores da década e tal. Mas praticamente todos os discos são ótimos: o primeirão, o Rio Grande Mud, Fandango, Tejas e o Deguello.
Billy Gibbons passou a ser um dos meus guitarristas preferidos pela pegada, pelos riffs infernais e também pela inventividade, o uso criativo de timbres. Aliás, os caras do Texas são foda mesmo. Stevie Ray, Johnny Winter e o Albert Collins, que eu vi no primeiro festival de blues brasileiro, em 1988 ou 89, em Ribeirão Preto, são texanos. Gibbons é da mesma estirpe.
E o segundo show do ZZ em São Paulo foi pra quebrar tudo. Esqueçamos o mala do Hudson e sua bandinha cover chulé na abertura. Vamos ao filé: ZZ Top com som perfeito, Gibbons detonando, vídeos muito legais no telão, as guitarras peludas e, principalmente, o repertório espetacular com “Brown Sugar”, “Just Got Paid Today”, “My Head´s In Mississippi”, “Cheap Sunglasses”, “I´m Bad, I´m Nationwide”, “La Grange”, “Tush” , os sucessões oitentistas “Sharp Dressed Man” e “Legs” executados no talo e até uma versão para “Hey Joe” , com direito a Hendrix no telão numa foto junto com Billy Gibbons novinho, ainda sem barba. Diz a lenda que pouco antes de morrer Hendrix se referiu a Gibbons numa entrevista como o “melhor guitarrista jovem americano” e deu a ele uma guitarra cor-de-rosa de presente.
O fato é que o show foi um tesão. A Aline, que nem conhecia a banda direito, quis até comprar uma camiseta depois do show. Acho o ZZ Top uma das bandas mais divertidas do rock, junto com AC/DC, Ramones e Motorhead. E isso não é pouca coisa.

Sabadão foi o dia de ver o Johnny Winter. Achei a banda de abertura chata apesar dos fodões brazucas André Cristovam e Luis Carlini. Totalmente dispensável os caras tocarem “Agora Só Falta Você”. Enfim... ao que interessa: Johnny Winter em terras brasileiras pela primeira vez. Muita gente que curte o som do cara há décadas babando pra ver o cara. O público ultra caloroso recebeu o branquelão claudicante de pé, aplaudindo freneticamente. Eu confesso que ao vê-lo andar fiquei com medo que o cara fosse cair da sua bota texana. Ele tá realmente detonadão. Talvez até por isso o público tenha sido ainda mais carinhoso. Havia um clima de reverência no ar. E vê-lo sentar e empunhar a guitarra com o chapelão preto afundado na cabeça e os cabelos brancos caindo nos ombros foi mesmo emocionante.
Mas a coisa quase foi por água abaixo por causa da bosta que estava o som no Via Funchal. Deu saudades do som límpido do ZZ Top. Tudo meio que embolado, alto demais e não dava para entender o que o Johnny Winter falava entre as músicas.
Apesar da massaroca sonora, a coisa fervia quando o albino soltava os berros no microfone e os dedos nas cordinhas da guitarrinha preta que ele usou o show todo. O som “dele” soava por cima da embolação da banda. E era foda. E dá-lhe clássicos: “Good Morning Little Schoolgirl”, “Miss Ann”, “Bony Morony”, “It´s All Over Now”, e Hendrix outra vez com “Red House”. Foi só no bis que a lendária Firebird apareceu pra ele massacrar “Highway 61” com o slide hipnótico comendo quente e levantando o público.

Apesar dos pesares, valeu ver o cara ao vivo. Mesmo estando que é só carcaça, dizem que roído pela heroína, Johnny Winter ainda toca muito.
Foi isso... as guitarras incendiárias de Billy Gibbons e Johnny Winter no mesmo final de semana. Meu sonho dourado de guitarrista frustrado.
8 comentários:
Pô, nem citou que te paguei o primeiro Black Label de sua vida no show do Johnny Winter... rs.
beijos, Aline
Não acredito Aline que você fez isso pelo cara e o canalha ficou na miúda.
Que sorte em meu velho! Guitarras e Black Label. Final de semana dos sonhos.
Grande beijo pra família
“ Deus salva e o Rock alivia”.
Pô...é que não tô querendo incentivar o consumo de alcool entre nossos milhares de leitores. Principalmente se a dose custar 22 paus!
Quero uma vida com guitarras
Estradas, esquinas e cachaça
Vamos tomar umas no feriado
Em Botuca’s ou aqui?
A Bel está com o Vicente
Acredite se quiser brother, mas perdi toda essas fodaças nos olhos e nos ouvidos. Mas bacana que curtiu a parada toda. Abração.
Perfeito. Saudade de estar perto dos irmaos e respirar o rock n´roll. Sozinho e vagando distraidamente, aos poucos vou voltando a ser o Pedro Lover. Um cara legal, sem dúvida, mas a milhas e milhas da incandescente estrada do rock. Aline, a ingratidao se pega com outra dose de whisky. Aposto que daí a sensatez economica dará lugar a razao absoluta.Esta paira sobre todos os princípios. Viva vocês dois, viva o blues, viva Black Label e viva o Henrique rock N´roll JR.
Abracao,
Pedro.
Txellus:
Estou na batalha tentando convencer o distinto dono deste blog a irmos pra Londrix no feriado, em breve trago os resultados...
Caro Lover:
Ontem mesmo falamos da falta que você faz. Ah..., vou seguir seu conselho, mas exigirei um Blue Label para perdoar a ingratidão!
Do caralho! Não consegui ir ao show mas curto o Johnny à muitos anos. Tenho em vinil alguns bons como o maravilhoso Still Alive and Well. Abraço!
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